sábado, 26 de fevereiro de 2011

TP 1 – Linguagem e Cultura

PROGRAMA GESTÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR
GESTAR II - LÍNGUA PORTUGUESA

OFICINA: 008/2009
DATA: 29 de outubro de 2009
MINISTRANTES: Francineide Ferreira de Morais / Rosa Lúcia Vieira Souza / Rosilda Maria Silva

TP 1 – Linguagem e Cultura
Un 1 – Variantes lingüísticas: dialetos e registros
Un 2 – Variantes lingüísticas: desfazendo equívocos
Un 3 – O texto como centro das experiências no ensino da língua
Un 4 – A intertextualidade


OBJETIVOS

*        Explorar assuntos relevantes à: variação lingüística, conceituação de texto e a sua implicação no ensino e aprendizagem de língua, e intertextualidade.

ROTEIRO

1ª ETAPA
·    Leitura e reflexão do texto “Língua Brasileira – Bah! Chega de confusão...”, de Kledir
     Ramil.
.
2ª ETAPA
·    Leitura e análise do texto “Variações de Registro”, de Travaglia (TP1, p. 44-47).

3ª ETAPA

·    Sistematização dos conceitos de intertextualidade:
-          Paródia;
-          Paráfrase;
-          Pastiche;
-          Plágio.

4ª ETAPA
·    Leitura e análise de textos (várias versões da Canção do Exílio), tirinha e texto publicitário.
·    Leitura e análise de textos - várias versões do texto “A bailarina”, identificando a paródia e paráfrase.

5ª Etapa
      Leitura e análise do Avançando na Prática (p. 36 - 40/Un1; p.117-118/Un2; p.144/UN3).
·          Socialização do Avançando na Prática do TP 3.



Conceitos fundamentais

                       

1. Intertextualidade


  • “Todo texto é absorção e transformação de uma multiplicidade de outros textos”, diz Kristeva, na esteira de Bakhtin.”

(PERRONE – MOISÉS, Leyla. Texto, Crítica e Escritura, São Paulo: Martins Pontes, 2005, p. 68).

  • “Entende-se por intertextualidade este trabalho constante de cada texto com relação aos outros, esse imenso e incessante diálogo entre obras que constitui a literatura. Cada obra surge como uma nova voz (ou um novo conjunto de vozes) que fará soar diferentemente as vozes anteriores, arrancando-lhes novas entonações.”

(PERRONE –MOISÉS, Leyla. Texto, Crítica e Escritura, São Paulo: Martins Pontes, 2005, p. 68).

1.1 Paródia


Segundo o dicionário de literatura de Brewer: “paródia significa uma ode que perverte o sentido de outra ode (grego: para – ode)”.Essa definição implica o conhecimento de que originalmente a ode era um poema para ser cantado, sendo a origem, portanto, musical. A paródia desarranja o sentido do texto original, provoca uma inversão de seu sentido e um conseqüentemente deslocamento completo, produzindo um efeito cômico. A obtenção do efeito cômico exige ritmos mais excitantes e situações exasperadas. A realização de uma piada de efeito irresistível exige uma execução perfeita. Uma cena dramática pode ser boa ou discreta (no andamento da narração pode funcionar muito bem mesmo que tenha algum defeito); por sua vez uma piada só pode ser perfeita, ou seja, deve atingir exatamente o alvo.  O riso cômico seria desencadeado por um excesso, um exagero no detalhe. Estabelece-se uma relação entre paródia, comédia e liberação das tensões. O riso é provocado por qualquer tipo de projeto que, tendo criado uma tensão muito forte, exige uma distensão que se dá através do ridículo. Enquanto na tragédia há todo um encaminhamento do problema para o clímax, na comédia a tensão é permanentemente desfeita por intermédio do riso. Essa função é complementar nas peças dramáticas. A paródia tem uma função catártica, funcionando como contraponto com os momentos de muita dramaticidade.

Uma característica peculiar da paródia é que seu conceito é relativo ao leitor, isto é, depende do receptor. Se o leitor não tem conhecimento da obra original, achará na obra parodística apenas uma série de disparates. O que o texto parodístico faz é exatamente uma representação daquilo que havia sido recalcado, é uma forma de a linguagem se voltar sobre si mesma. Uma nova e diferente maneira de ler o convencional. É um processo de liberação do discurso. A paródia deforma o texto original subvertendo sua estrutura ou sentido. (Por Arthur Machado de Oliveira)

Sátira

A sátira é uma técnica literária ou artística que ridiculariza um determinado tema (indivíduos, organizações, estados...), geralmente como forma de intervenção política ou outra, com o objetivo de provocar ou evitar uma mudança. O adjetivo satírico refere-se ao autor da sátira.

A paródia pode estar relacionada com a sátira. A paródia imita outra forma de arte, de uma forma exagerada, para criar um efeito cômico, ridicularizando, geralmente, o tema e estilo da obra parodiada. Ainda que por vezes as técnicas próprias da sátira e da paródia se sobreponham, não são sinônimas. A sátira nem sempre é humorística – por vezes chega a ser trágica. A paródia é, inevitavelmente de caráter cômico. A paródia é imitativa por definição – a sátira não tem de o ser. O humor satírico tenta, muitas vezes, obter

um efeito cômico pela justaposição da sátira com a realidade. O principal objetivo da sátira pe político, social ou moral – e não cômico... O humor satírico tende, pois, para a sutileza, ironia e uso do efeito cômico do “deadpan” (impassibilidade do humorista, como se não percebesse o ridículo das situações que apresenta).
1.2 Paráfrase
Paráfrase é a reprodução explicativa de um texto ou de unidade de um texto, por meio de uma linguagem mais longa. Na paráfrase sempre se conservam basicamente as idéias do texto original. O que se inclui são comentários, idéias e impressões de quem faz a paráfrase. Na escola, quando o professor, ao comentar um texto, inclui outras idéias, alongando-se em função do propósito de ser mais didático, faz uma paráfrase.
Parafrasear consiste em transcrever, com novas palavras, as idéias centrais de um texto. O leitor deverá fazer uma leitura cuidadosa e atenta e, a partir daí, reafirmar e/ou esclarecer o tema central do texto apresentado, acrescentando aspectos relevantes de uma opinião pessoal ou acercando-se de críticas bem fundamentadas. Portanto, a paráfrase repousa sobre o texto-base, condensando-o de maneira direta e imperativa. Consiste em um excelente exercício de redação, uma vez que desenvolve o poder de síntese, clareza e precisão vocabular. Acrescenta-se o fato de possibilitar um diálogo intertextual, recurso muito utilizado para efeito estético na literatura moderna.
1.3 Pastiche
Forma de reescritura que não nega o passado, ao contrário, traz a tradição para o centro da cena e dialoga com ela.
O pastiche não rechaça o passado, num gesto de escárnio, de desprezo, de ironia. O pastiche aceita o passado como tal, e a obra de arte nada mais é do que um suplemento. Reparem a lógica da palavra “suplemento” é muito curiosa, porque o complemento dá a impressão de ter em mãos alguma coisa incompleta que você estaria completando. Suplemento é alguma coisa que você acrescenta a algo que já é todo. Dessa forma, podemos dizer que o pastiche endossa o passado, ao contrário da paródia, que sempre ridiculariza o passado
(paginas.terra.com.br/arte/dubitoergosum/arquivo98.htm)
1.4 Plágio
O conceito de plágio é um conceito relativamente novo. Na Idade Média, as “leis da imitação” permitiam e estimulavam a busca de um exemplum, de um modelo do passado que servisse de base para fazer algo de novo com o antigo, mesmo que depois todos pudessem perceber ali, na obra realizada, mais o antigo do que o novo.
Talvez estivesse no bojo dessa mentalidade a idéia da imitatio Christi, que não era simples cópia do comportamento de Cristo, mas uma ascese que implicava na assimilação e na imitação pessoal do modelo da santidade cristã.
O medievalista Jacques le Goff menciona sempre o fato de que, naquela época (cujas trevas são mais nossas do que dela...), os professores e artistas usavam as fontes cristãs e greco-latinas com a liberdade de quem realmente podia apropriar-se, sem falsos escrúpulos, do que lhes parecia inspirador.
Não era, portanto, imitação pura e simples, mas plágio criativo. No século XII, por exemplo, John of Salisbury ensinava explicitamente aos seus alunos que o segredo da filosofia e do escrever bem estava em ler os grandes mestres do passado e redigir como se os estivessem encarnando num novo contexto histórico.
Mais do que meramente copiar, o escritor prestava uma homenagem ao imitado, dizendo, nas entrelinhas, que só o imitava porque nele encontrara um valor... inimitável.
O poeta Décio Valente publicou em 1986 um livro intitulado O plágio, em que faz uma arguta, e por vezes paranóica... identificação de cópias conscientes ou inconscientes, voluntárias ou involuntárias, mal feitas ou magistrais, de pensamentos, versos, poemas inteiros, cópias realizadas por autores conhecidos ou desconhecidos, geniais ou medíocres.
Identifica, por exemplo, uma “semelhança” entre o poema Mãe Preta, de Augusto Linhares, publicado em livro em 1948, e o poema bem mais conhecido de Manuel Bandeira, Irene no céu, escrito provavelmente no final da década de 1920:



Irene no céu
              Manuel Bandeira
Irene preta
Irene boa
Irene sempre de bom humor.
Imagino Irene entrando no céu:
— Licença, meu branco!
E São Pedro bonachão:
— Entra, Irene. Você não precisa pedir licença.





Mãe Preta
                    Augusto Linhares
Quando Dodora ao Céu chegar, é minha crença,
e ao Chaveiro disser: — Dá licença, meu Santo?
São Pedro, vendo-a, lhe dirá com certo espanto:

Você, Dodora, não precisa de licença!...
E a porta lhe abrirá paternalmente. E ela,
para de todo ser feliz numa tal hora,
seu cachimbinho acende. Acende-o numa estrela;
mas São Pedro lhe diz: — Não, aqui não, Dodora...





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